Lideranças da sociedade civil criticaram duramente o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20 – em carta divulgada na tarde desta quinta-feira. Intitulada “A Rio+20 que Não Queremos”, a carta foi apresentada em entrevista para a imprensa no Riocentro.
Thomas Lovejoy, Yolanda Kakabadse, Ricardo Abramovay, Fabio Feldmann, Roberto Klabin, Severn Suzuki, Bill McKibben, Fabien Cousteau e Jean Michel Cousteau (respectivamente neto e filho do famoso oceanógrafo Jacques Yves Cousteau), entre outras personalidades, assinam a carta. Eles destacam que os resultados são “fracos e muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92″.
Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, o Brasil “cozinhou um documento vazio que está em sintonia com as posturas do governo internamente, com o desmonte da legislação brasileira e a alteração para pior do Código Florestal”.
Para Severn Suzuki (foto), canadense conhecida como a menina que calou o mundo na Rio-92 com seu discurso aos negociadores, “a declaração que sairá da Rio+20 será a prova da falha do sistema de governança mundial”. Nos 283 parágrafos do texto, que deverá ser o legado desta Conferência, não há compromissos, metas nem previsão de recursos. “Não podemos aceitar esse texto”, disse Kumi Naidoo, ressaltando que o documento “carece de ambição, de visão”.
De acordo com a mensagem “A Rio+20 Não Queremos”, o acordo da Rio+20 lança “uma frágil e genérica agenda de futuras negociações e não assegura resultados concretos”. “A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos”, diz a carta. O documento será entregue aos chefes de Estado.
O Futuro que Queremos não passa pelo documento que carrega este nome, resultante do processo de negociação da Rio+20.
O futuro que queremos tem compromisso e ação, e não só promessas. Tem a urgência necessária para reverter as crises social, ambiental e econômica e não postergação. Tem cooperação e sintonia com a sociedade e seus anseios, e não apenas as cômodas posições de governos.
Nada disso se encontra nos 283 parágrafos do documento oficial que deverá ser o legado desta Conferência. O documento intitulado O Futuro que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos.
A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.
Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento.”
The Rio+20 we don’t want
The Future We Want is not to be found in the document that bears this name. The Future We Want is not what resulted from the Rio +20 negotiation process.
The future that we want has commitment and action, not just promises. It has the urgency needed to reverse the social, environmental and economic crisis, not postpone it. It has cooperation and is in tune with civil society and its aspirations, and not just the comfortable position of governments.
None of these can be found in the 283 paragraphs of the official document that will be the legacy of this Conference. The document entitled The Future We Want is weak and falls far short of the spirit and the advances made over the years since Rio-92. It even falls far short of the importance and urgency of the issues addressed. Fragile and generic agendas for future negotiations do not guarantee results.
Rio +20 will go into History as the UN conference that offered global society a outcome marked by serious omissions. It endangers the preservation and social and environmental resilience of the planet, as well as any guarantee of acquired human rights for present and future generations.
For all these reasons, we, as many civil society groups and individuals, register our profound disappointment with the heads of State, under whose guidance and orders the negotiators worked, and we state that we do not condone or endorse this document.